Outro dia alguém dizia que esta crise é a crise da trafulhice. Esta foi talvez uma das melhores classificações que ouvi para a actual crise. E quem o disse tinha total razão. Ao longo do tempo quiseram-nos convencer que um conjunto de "respeitáveis" senhores mui dignamente trajados, de fato e gravata preferencialmente, eram grandes gestores, muitas vezes erradamente designados de empresários (já que para isso teriam de arriscar o seu dinheiro, coisa que nunca fizeram), era neles que estava o progresso e desenvolvimento do país. Mas a pessoa que apelidou esta crise como a da trafulhice também afirmou que quer demore 1 mês ou 20 anos os negócios baseados na trafulhice são sempre descobertos. E mais uma vez teve razão, pois a situação que hoje conhecemos resulta da revelação de todo um conjunto de tramóias que esses "respeitáveis" senhores, muitos deles com a conivência de algum poder político, levaram a cabo durante anos.
Perante isto é urgente que esta trafulhice seja punida, seja castigada. Não é admissível que até agora só haja um senhor em prisão preventiva depois de tudo o que se soube. Isto é o completo escárnio dos valores que devem guiar a sociedade.
Basta de impunidade.
Hoje, no Público, Mário Soares vem novamente alertar a classe política para o perigo do clima de revolta em Portugal: “As pessoas tiram as conclusões das coisas. Como podem as pessoas aguentar que o Estado vá salvar um banco onde se sabe que há roubalheiras absolutas e fique tudo na mesma depois do Estado lá meter o dinheiro dos contribuintes. Não é possível [...] Espero que se saiba o que se passou no BPP e no BPN. Tudo tem de ser esclarecido. É preciso transparência no País, senão é impossível haver confiança. Isso gera revolta e não estamos imunes que isso aconteça em Portugal”.
Não poderia estar mais de acordo com estas declarações. Enquanto socialista democrático acho pouco medidas como a redução das deduções daqueles que mais têm, é necessário o governo ser implacável com aqueles que são os verdadeiros responsáveis pela crise. Até sugiro que o governo faça aquilo que esses senhores da alta finança sempre defenderam e deixe o mercado, agora em época de crise, funcionar livremente deixando "morrer" o "mau capital". Só que esses senhores apenas são liberais nos lucros, todavia nos prejuízos conseguem ser mais socialistas que eu próprio.
Tenham vergonha!
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