O que se passa no PSD nacional, verdadeira maternidade de candidaturas, é reflexo e consequência da perda da matriz inicial do partido após o período de liderança de Cavaco Silva. E digo isto porque apesar do PSD ter ganho umas eleições nacionais depois de Cavaco, o governo que daí resultou foi fraco, amorfo e rapidamente desmoronou-se.
A liderança de Cavaco foi como uma planta que asfixia tudo à sua volta, tudo girava em torno de Cavaco, o partido era Cavaco, perdendo a matriz social democrática delineada por Sá Carneiro.
O mesmo se passou no PSD Açores, como ainda hoje se verifica, após a saída de Mota Amaral.
Deste modo, e apesar de reconhecer a capacidade e eficácia de Carlos César, e as conquistas dos Açores nos seus sucessivos governos fico preocupado com a perda do socialismo democrático enquanto ideal primogénito do partido. Entendo que só em aliança com a sociedade é que se consegue implementar a mudança, como Carlos César e o PS têm feito nestes últimos 12 anos, contudo, e na minha óptica, a aliança com a sociedade não é sinónimo de filiações avulsas de independentes no Partido, pois aí reside o risco de perda de identidade. Embora admita que desde 1996 vários foram os independentes que se aliaram ao PS e que constituíram enormes ganhos para o partido e para os Açores, tenho de dizer também que há muitos que se estão a aproveitar, daí que sejam aceitáveis as críticas de João San-Bento, que mais não sente que alguma dor por ver gente que é tudo menos socialista a ameaçar tomar conta do governo e do partido. E para quem durante muitos anos deu a cara para que o Partido Socialista não desaparecesse nestas ilhas, ver aqueles que no passado tudo fizeram para acabar com este mesmo PS agora a aproximarem-se do partido não é fácil.
Assim, defendo a aliança do PS com a sociedade, mas com o que de melhor tem esta sociedade e não numa lógica de "tudo o que vem à rede é peixe". Sim, porque enquanto Carlos César estiver à frente do Partido a identidade do PS está preservada, pois a sua liderança é forte, mas num futuro próximo, até por razões de força de lei, César deixará o PS órfão, e aí só um partido seguro de si, dos seus ideais, da sua identidade ultrapassará essa situação de forma tranquila.
Quero ainda felicitar o Nuno Tomé pela excelente moção sectorial que apresentou no último congresso, no meu entender a única que trouxe algo de novo, para além da moção global. A sua proposta de listas abertas vai no sentido de dar cada vez mais poder ao militante de base, contribuindo para uma melhor democracia. Para quem diz que este regime não pode ter nada de novo Nuno Tomé consegue provar o contrário.
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