Esta semana a igreja Matriz de Ponta Delgada foi o alvo da, ao que tudo indica, "criatividade" de uns certos meninos.
Quer queiram, quer não tudo isto é o fruto da nossa sociedade.
Na televisão as séries dirigidas aos mais jovens deturpam a realidade. Nelas passa-se a mensagem que quem estuda, quem trabalha, quem tira boas notas é o vulgo "totó", que o fixe é andar a grafitar muros, faltar às aulas, tramar o colega na eleição da associação de estudantes, beber que nem uns alarves, e quem sabe até experimentar a fumar substâncias menos próprias. É impressionante, os jovens destas séries nunca estudam, passam todos de ano mas nunca ninguém os vê a estudar.
Contudo, não se pode colocar todas as culpas na televisão. Ao longo dos anos transmitiu-se a ideia de facilitismo na educação em Portugal, e pior, o desrespeito pela figura do professor. Não sou apologista de extremos como a violência que existia no ensino durante a ditadura, mas também não tolero o estado actual das coisas. O professor quase que tem de ter medo dos alunos, pois se dá um puxão de orelhas ou um aperto no braço a um miúdo, não só se arrisca a ser alvo de um processo como pode levar com os paizinhos (muitos deles que só aparecem na escola nestes casos demonstrando o seu desinteresse pelos filhos, como dizia a D. Benta, e bem, hoje no Correio dos Açores), irmãos, tios, avós e periquito, caso exista.
Por fim há os pais. Sempre tive boas notas e nunca recebi nenhuma compensação especial dos meus pais, melhor, sempre tive o que de melhor eles podiam dar: uma educação irrepreensível, a noção de respeito pelo outro, afecto e acompanhamento. Hoje os pais dão tudo (menos o que realmente interessa), vivendo-se numa espécie de chantagem permanente, ora são os pais que ameaçam: só tens isso se fizeres aquilo; ora são os filhos: se o pai quer que eu faça isso tem de me dar aquilo. Essas crianças e jovens que crescem neste tipo de relação o que serão no futuro? Decerto que não serão adultos responsáveis.
Tudo isto para dizer que não me admiro com estes, cada vez mais frequentes, actos de vandalismo. Vandalismo resultante da falaciosa noção de liberdade em que os jovens, actualmente, crescem. Grande parte dos jovens de hoje não vive em liberdade mas sim em LIBERTINAGEM. Ser livre é ser responsável, é ter sobre si o peso da responsabilidade de se construir o melhor possível enquanto pessoa, é sentir a responsabilidade de ter de ser o melhor exemplo para todos os que o rodeiam. Só com um pensamento e um agir responsável é que todos nós poderemos ser inteiramente livres, e poderemos fazer com que situações como a que inspirou este post se deixem de verificar.
Liberdade e Responsabilidade são ambas faces da mesma moeda, sendo, por conseguinte indissociáveis.
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